Credores do banco Cruzeiro do Sul estão propondo uma troca de dívida por ações. Se aceita, a troca poderia viabilizar venda do banco, e ajudar credores a acelerar a recuperação do dinheiro, segundo Marcelo Godke Veiga, sócio do Godke Silva Rocha, com sede em São Paulo.
A recuperação de parte do dinheiro se daria em cerca de dois anos em vez dos mais de cinco anos que uma liquidação normalmente demora, diz Veiga, cuja firma assessora alguns dos credores do Cruzeiro do Sul.
A proposta refere-se a US$ 2,3 bilhões em dívida sem garantia. A troca livraria o banco da dívida e o deixaria com cerca de R$ 2,7 bilhões em ativos.
A ideia já foi discutida com o liquidante do banco, Eduardo Félix Bianchini, segundo duas pessoas com conhecimento do assunto que pediram anonimato porque a discussão não é pública. Bianchini não quis comentar porque as conversas com credores foram informais e não houve uma proposta formal. O Banco Central não quis comentar também não.
Pinheiro Neto Advogados e Levy Salomão Advogados também representam os credores do Cruzeiro do Sul. O banco foi liquidado em 2012, após o fracasso na busca por um comprador.
Segundo o advogado Eduardo Salomão, sócio do escritório Levy & Salomão, o Cruzeiro do Sul foi o único caso de um banco privado que ficou em regime de administração especial temporária, por 180 dias - conhecido como Raet, decreto lei de 1987 criado para salvar bancos públicos. Por esse regime, mais brando do que intervenção e liquidação previstas na Lei 6.024, de 1974, o BC apenas troca a admonitoras do banco, sem supressão das exigibilidades das dívidas nem liquidação de ativos para pagar os credores, explicou Salomão.
O Cruzeiro do Sul entrou no Raet em junho de 2012 devido a suspeitas de fraude. O BC encontrou um rombo de pelo menos R$ 3 bilhões no banco. Em setembro daquele ano, foi decretada a liquidação extrajudicial da instituição.
Para evitar que o banco fosse fechado, seria preciso renegociar dívidas que envolveriam o perdão de quase 50% do saldo junto aos credores. Como as operações não tiveram sucesso, o banco acabou liquidado.
Matéria relacionada: Bancos insolventes podem parar na Justiça
